Tudo começou uns meses atrás, quando ganhei o PPTQ da CLMtg em São Gonçalo/RJ de Affinity,a partir daí comecei minha preparação (OK,não me foi grande a preparação) para o GP São Paulo e RPTQ que viriam, o Affinity padrão sempre foi meio que a minha única opção. O deck é obviamente muito bom e vai ganhar a maioria dos jogos em que não for hateado, e vários decks tier 1 não tem acesso a hate pesado hoje em dia. Death Shadow, Eldrazi Tron e o mais recente 5c Humans dão side em quantidades variadas de removal, o que é bem menos preocupante que Stony Silence e coisas do tipo. Na verdade o que pesou foi o fato de ser deck que mais tenho experiência e isso todos sabem que conta muito no formato.   A lista em si também não foi muito difícil de definir. Curiosamente eu joguei com Tempered Steel no PPTQ,mas a carta não se manteve por muito tempo; as duas brancas exigem abandonar um dos Nexus, e a carta não é tão melhor que os Steel Overseer e Master of Etherium. A própria lista padrão não tem lá muito espaço para inovações, variando apenas os drop 3(Master of Etherium Vs Etched Champion) e coisas tipo a 17º land. A maioria das decisões acontecem no side, já que o deck pode usar as 5 cores e não existe consenso quanto a várias cartas, tipo Spell Pierce e Rest in Peace.

No final das contas, essa foi minha lista:

 

Como disse, é tudo bem padrão, já que a engine do deck ocupa muito espaço. Você precisa de um monte de artefatos ruins(Memnite, Vault Skirge e amiguinhos) pra fazer um monte de artefatos insanos(Mox Opal, Arcbound Ravager e companhia)funcionarem. As escolhas mais complicadinhas estão em Master of Etherium e Etched Champion, esse slot é meio que uma aposta, porque o Etched varia entre "pior carta do deck" e "melhor carta do deck'dependendo do oponente, enquanto o Master fica entre "bom" e "muito bom". Acabei usando 2 Etched e 2  Master, esperando muitos Death Shadow e Humans; outro ponto importante é Spire of Industry e Glimmervoid,4 e 0 cópias respectivamente. Eu não acho essa uma decisão particularmente difícil, mas tem muita gente que ainda não sabe dessa atualização. Spire é “beeem” mais seguro, principalmente pós side quando o amiguinho traz inúmeros hates, permitindo a você  keepar mãos que Glimmervoid não deixaria (por exemplo, quando você só tem um drop1 contra um deck com removal). Essas coisas acabam sendo mais recorrentes e relevantes do que a ocasional perda de vida.  Outro ponto a ressaltar é não ter Welding Jar main deck por ser inútil contra decks demais, mesmo sendo uma carta boa. Melhor deixar só no side. Uma cópia de Spell Pierce e nenhum Stubborn Denial essa mais difícil e não sei se fiz certo. Denial é melhor contra RG Valakut porque anula Scapeshift letal, mas Pierce é mais segura contra quase todo o resto,daí minha escolha. Natural State(2), Ancient Grudge(1), Wear/Tear(0). State parece um pouquinho melhor que Wear/Tear, já que é mais barata e sua restrição em troca da possibilidade de destruir um artefato e um encantamento não parecem muito, na verdade a diferença é bem bem pequena. Grudge só é fantástico de verdade contra a Mirror, mas posso me ver usando uma segunda cópia se uma match dependendo do field. Rest In Peace(2), Graffdiger´s Cage(0), Relic of Progenitus(0). Outra aposta de acordo com o field esperado, Cage é ótima contra decks de Company/Chord, RiP é melhor quando você só precisa resolver o cemitério, por ser encantamento e entrar exilando. Escolhi a RiP pela utilidade contra Death Shadow. Relic é só nota de rodapé mesmo,bem abaixo das outras duas.

 Definida a lista, agora faltava só ajeitar a viagem em si. Após algumas negociações amistosas com meus pais (ser menor de idade é complicado), pego um ônibus 00:30 no terminal de Niterói ao melhor estilo Wild Trip, pra chegar em São Paulo 7 e pouca. A primeira parte do plano era dormir que nem um peixe-boi durante a viagem toda,mas obviamente eu tenho um acesso de tosse de uma hora e só consigo cochilar depois de parar em Rezende. Chegando em São Paulo, Caio, que também tinha vaga e viajou comigo, recebe mensagem do Diego e do Leandrinho do Rio, e nós nos reunimos com eles numa padaria pra irmos ao local do evento, não sem antes errarmos o caminho e andar 20 minutos. Um pouco antes do torneio,eu começo a ficar nervoso; minhas experiências anteriores em São Paulo foram no mínimo tristes (0-3 drop em dois RPTQs), e levar fumo à 6 horas de distância de casa é horrível. Enfim,vamos as partidas. Observação: Eu sou horrível com nomes,então não lembro contra quem exatamente eu joguei. Se você por um acaso jogou comigo, por favor não se sinta incomodado em ser identificado como 5c Humans ou coisa do tipo.

 

Round 1 - RG Valakut

G1: Perdi no dado e keepei uma mão ok, com drops 0 e 1, Steel Overseer, Ravager e lands, mas sem aceleração. Meu oponente abre de Cinder Glade vai, e eu logo tenho flashbacks horríveis de perder o primeiro round e afundar no torneio. Essa match é BEEEM dependente de velocidade e de quem ganha no dado, e eu tinha uma mão lenta  na draw. Faço 3 bichinhos na 1 e um Ravager na 2 ao invés do Overseer pra jogar ao redor de Anger of The Gods,mas meu oponente tem um ramp na 2 e Anger + Bolt na 3, resolvendo minha mesa. Nunca mais consigo fazer pressão e morro pra um titã raivoso.

 

Sideboard : +2 Welding Jar +2 Thoughtseize +1 Spell Pierce +1 Blood Moon -4 Galvanic Blast -2 Etched Champion

 

G2: Aí sim começam as altas emoções. Olho uma mão de 7 absurdamente duvidosa, com 2 lands, 2 Signal Pest, 2 Memnite e 1 Vault Skirge. Eu keeparia tranquilamente no "escuro", já que era rápida mesmo sem uma bomba definida, mas o RG Valakut ia ter umas 4-5 mass removal pós side, e elas provavelmente seriam fatais contra essa mão. Acabei keepando, já que ela puniria uma mão sem esse tipo específico de interação dele e ia ser insano se eu comprasse um Ravager ou um Chapeamento, mas até agora não sei se era a decisão correta. Para a alegria da nação compro um Chapeamento na primeira draw, e consigo me poupar de fazer a segunda peste e o Skirge,dando um bom dano com chapeamento equipado na 3,forçando ele a fazer Sweltering Suns nos bichos existentes. Volto com mais bichos, e eventualmente o chapeamento ganha o jogo.

 

G3: Dessa vez eu tenho aceleração,mas meu oponente tem mais respostas,com bolts matando Peste e Overseer. Eventualmente consigo colocar pressão com um chapeamento, e um Explosivos Fabricados acaba com ele e um Skirge me atrasando bastante enquanto ele faz land drops. Um segundo chapeamento com Inkmoth Nexus bate pra 5 de infect, embora provavelmente seja tarde demais; ele tem 8 lands, e 4 cartas na mão. Pra minha surpresa tomo apenas uma Batterskull, e mato ele na volta. As 4 cartas da mão eram lands :).

1-0

 

Round 2 - UWR Midrange

G1: Essa é uma match no mínimo depressiva. O Affinity é resiliente o suficiente pra contornar um número razoável de remoções, mas não um deck que é só remoção. O primeiro jogo mostra exatamente isso, com Raio, Path, Hélice e Electrolize abrindo o caminho prum Geist furioso me socar.

 

Sideboard : +2 Welding Jar +2 Thoughtseize +2 Natural State +1 Ghraphur Aether Grid + 2 Etched Champion +1 Spell Pierce -4 Galvanic Blast -4 Steel Overseer -2 Ornitopther

 

G2: Venho bem agressivo,com Chapeamento equipando e batendo na 2. Meu oponente faz land virada na 1 e Serum Visions na 2, mas só consegue fazer uma removal e perde uma land drop, e morre no turno decisivo pra Spell Pierce na Electrolize (ou na Hélice de Raios,não me lembro direito).

 

G3: Keepo uma mão mais ou menos, com Mox,Tambor, bichinhos e Natural State, mas nada que bata muito. Acabo comprando outra Mox, outra Natural State e tomando Electrolize, eventualmente morrendo pra Vendilion Clique com 3 cartas mortas na mão, meu oponente ainda com 17 de vida. Ele depois fala que não tinha Stony Silence no side, e me sinto um idiota de ter colocado os States. É a vida acho, se não colocasse ia acabar tomando um na 2 com certeza.

1-1

 

Round 3 - Affinity

 

G1: Minha mão é lenta, mas 3 Galvanic Blast matam um Overseer, um Ravager e um Bomat Courier gigante, enquanto ataco com duas Signal Pest e uns bichinhos. Consigo resolver um Steel Overseer, mas um Chapeamento dele ameaça me matar, e o jogo fica esquisito. Vou atacando com um bicho por turno, tendo que deixar dois em pé pra não morrer, até que o Overseer faz diferença e ataco pra letal, depois de esgotar os blocks.

 

Sideboard : +2 Welding Jar +2 Natural State +1 Ghiraphur Aether Grid +1 Ancient Grudge -2 Etched Champion -4 Signal Pest

 

G2: Trocamos bichos e remoções,meu oponente fica sem muitas permanentes, e o Overseer vive. Alguns turnos depois duas Nexus gigantes carregam o jogo.

2-1

 

Round 4 - 5c Humans

G1: Essa é uma match bem favorável. O Affinity é mais rápido, joga "maior" e o Humans não tem tanta interação. Após rápido deck check o game comprova isso, Chapeamento e Ravager me permitem ganhar o combate de Freeboaters pumpados por um Major of Avabruck e transformam todo bicho em uma ameaça letal.

 

Sideboard : +2 Etched Champion +2 Welding Jar (ele tem Staticaster e um bicho RG maluco que destrói artefato pós side) +1 Ghiraphur Aether Grid +1 Whipflare

-2 Memnite -4 Signal Pest

 

G2: Minha mão é bem boa, com aceleração, Overseer, Etched Champion e Master. Na 2 escolho fazer Etched pra não tomar Staticaster do amor, e na 3 faço Etherium + Overseer. Infelizmente ele faz Renegados no Vial destruindo meu Master e Staticaster matando meu Overseer, e o jogo fica horrível. Vários turnos se passam enquanto o Etched encara sozinho uma board crescente (tanto em número quanto tamanho) de humanos apoiados por um Staticaster que inutiliza minhas draws, até que quando a situação já está praticamente perdida, um Aether Grid aparece no meu topo. Meu oponente percebe que isso é problemático e bate com tudo, me levando a belos 1 de vida. No turno seguinte a situação se repete, mas uns blocks malucos com Etched, Ornitóptero e manland, a Blast que eu comprei e o Grid matando um bicho, me impedem de morrer, e a partir daí o Grid controla o jogo sozinho. Bom 1-off esse.

3-1

 

É engraçado que depois da derrota até esse jogo apertado eu não tinha lá grandes esperanças pro torneio, esperando apenas premiar uns boosters,mas aí comecei a acreditar de verdade. Tomei até um sorvete pra me animar.

 

Round 5 - 5c Humans

G1: Minha mão não tem terrenos, mas tem Mox,Tambor, Overseer e Memnites. O Overseer começa a fazer o trabalho do diabo, e um Memnite trocando no Champion of The Parish mais uma Blast matando o prefeito controlam a mesa, então não tomo muita pressão mesmo quando um Reflector Mage dá bounce no Overseer. Não sei exatamente como matei, mas acho que envolveu um chapeamento.

 

Sideboard : +2 Etched Champion +2 Welding Jar +1 Ghiraphur Aether Grid +1 Whipflare -2 Memnite -4 Signal Pest

 

G2: Esse foi um daqueles jogos em que o Affinity tem tudo que existe: aceleração, Chapeamento, Master e Whipflare limpando a mesa não deixam o jogo durar muito.

4-1

 

Os pareamentos mostram que uma vitória agora muito provavelmente é o suficiente pra me deixar dar ID na útlima rodada e garantir o top 8, fico nervoso pra caramba. Isso é uma coisa que preciso melhorar, pensar muito em standings e em coisas do tipo "Preciso ganhar duas" não é coisa boa a se fazer.

 

Round 6 - Affinity com Tempered Steel (E o Rorix,pra me deixar ainda mais pilhado)

G1: Ele ganha no dado, despeja a mão e tem chapeamento equipando e batendo na 2, e nunca fiquei realmente no jogo. Bem animador.

 

Sideboard : +2 Welding Jar +2 Natural State +1 Ghiraphur Aether Grid +1 Ancient Grudge +1 Spell Pierce (por causa dos Steels, mas foi um erro sidear isso) -2 Etched Champion -4 Signal Pest -1 Memnite (não façam isso)

 

G2: Minha mão não tem bichos direito mas tem um Grid, e isso é bom o suficiente. Faço ele na 2 com Mox e Memnite e o jogo fica rapidamente sob controle mesmo contra Ancient Grudge. Ravagers começam a aparecer do topo, e ele logo concede.

G3: Para apaziguar meus temores, compro uma mão forte com Mox, bichinhos, um Overseer (pode ter sido um Master também,não lembro bem)e Blast. Meu oponente vem devagar e logo começo a agredir. Um Ancient Grudge me ajuda a tirar qualquer coisa relevante, e o sonho fica vivo.

5-1

 

Round 7 - ID com o Rastaf

Para felicidade de todos com 5-1, os Standings mostram que é só todo mundo dar ID, o top 8 é instantaneamente lockado. Vou na padaria com um pessoal que também passou pra reestabelecer as energias (eu comi REALMENTE mal nessa viagem), tento relaxar pro match de Magic mais importante da minha vida.  Quando o top 8 sai, me vejo em quinto lugar emparceirado contra um Abzan Company, diga-se de passagem a pior match possível e na draw ainda por cima, e isso estranhamente me acalma. As chances eram bem contrárias, então qualquer coisa era lucro, não é mesmo? Após algumas fotos e o Diego do Rio se comprometer como responsável legal pra direitos de imagem graças a meus 17 anos e 11 meses de idade (Valeu!), lá vamos nós.

 

Top 8 (ou A HORA DA VERDADE) - Abzan Company

G1: Minha mão tem só uma land e uma aceleração, mas Blast e Master fazem um keep. Meu oponente (que por sinal também fez um report do torneio e da partida na Liga) mulliga a 6, faz scry pra baixo e abre Canopy vai. Compro a segunda land e me preparo pra matar o drop 2 com a Blast e voltar de Master, mas ele passa sem a segunda land e morre dois turnos depois.

 

Sideboard: +2 Thoughtseize +1 Whipflare +1 Ghiraphur Aether Grid -2 Etched Champion -2 Memnite

 

G2: Minha mão é bem mulligável, com aceleração, Peste e vários bichinhos, mas sem remoção ou payoffs. Decido keepar por ser excelente caso eu comprasse uma bomba nas duas primeiras draws e pela match ser bem desfavorável na draw pós side de qualquer jeito, então keepar uma mão com potencial de ser ótima é um jeito de ganhar. Acabo comprando só lands e sendo combado bem rápido.

 

G3: Mulligo a 6 e abro 2 lands incolores, Ravager, Blast, Whipflare e Aether Grid. A definição da honestidade, caso comprasse a fonte vermelha tinha boas chances de ganhar, caso não comprasse ia perder miseravelmente. Quando é dia, é dia. Meu oponente mulliga a 4 e compro a Mox após jogar um Nexus pra baixo. Whipflare mata um druída e um Viscera Seer, uma Blast mata um Kataki, não sem antes perder o Ravager, um Master aparece pra colocar pressão junto do Grid. Ele faz um recruta, que tem que dar chump block no Master equipado, e tenta fazer Chord pra druída e combar. O grid mata o druída, e no turno seguinte Master + Chapeamento ganham o jogo.  Pouco depois do jogo acabar, a ficha ainda não tinha caído direito. Só no ônibus, no começo da viagem de volta, que finalmente entendi que ia jogar o Pro Tour, ia ter que tirar passaporte e visto, arranjar o dinheiro e treinar, tudo isso realmente ia acontecer e o quão surreal isso era.  Olhando pro futuro, ainda tem muito a se fazer. O formato do Pro Tour felizmente é modern, o formato em que sou mais acostumado, e vai dar pra treinar desde agora, já que dificilmente vai mudar tanto até lá. O draft é beeeeem mais preocupante, então só me resta passar umas horas no MOL (que eu nunca usei) pra tentar aprender.  Pra quem quiser jogar de Affinity no futuro,continuo recomendando o deck. Ele é tier 1 desde a criação do formato, e isso definitivamente não vai mudar no futuro próximo. O field atual também é especialmente bom pro deck, com um monte de Humans e Eldrazi Tron.

 

Agradecimentos:

- Pro meu pai, que é a principal razão pra jogar Magic,e que me apoiou nessa e inúmeras outras coisas;

- Pro pessoal de Niterói e São Gonçalo, que me fizeram jogar cada vez melhor com seus treinos;

- Pro pessoal da CLMtg que sempre apóia a galera de Niterói e São Gonçalo;

- Pro pessoal que me acompanhou lá no torneio;

- Pro Affinity que é uma máquina;

- Pro Ghiraphur Aether Grid que sempre vinha quando eu precisava;

Slops :

- Pra quantidade absurda de besteira que eu comi em São Paulo.

É isso pessoal, abraços!